ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 25.04.1989.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sétima Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Luiz de Martino Coronel, concedido através do Projeto de Resolução nº 60/88 (proc. nº 2732/88). Às dezessete horas e vinte e dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Isaac Ainhorn, 1° Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Tarso Genro, Prefeito Municipal de Porto Alegre em exercício; Dep. Joaquim Moncks, representando a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; Sr. Luiz Ribeiro Bilibio, representando o Governo do Estado do Rio Grande do Sul; Dr. Wilson Vargas da Silveira, Diretor-Presidente da Caixa Econômica Estadual; Delegado Airto Kneip, representando o Chefe da Polícia Civil; Dr. Luiz de Martino Coronel, Homenageado; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Casa. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Flávio Koutzii, em nome da Bancada do PT, falou de sua satisfação por participar da presente Homenagem, discorrendo sobre a contribuição dada pelo Poeta Luiz de Martino Coronel à cultura da nossa comunidade. A Verª. Letícia Arruda, em nome da Bancada do PDT, dizendo da importância do Homenageado como um dos grandes nomes da poesia porto-alegrense, analisou sua obra e destacou a justeza do título hoje entregue pela Casa. O Ver. Airto Ferronato, em nome da Bancada do PMDB, saudou o Dr. Luiz de Martino Coronel, dizendo ser a presente homenagem o reconhecimento da Casa ao Poeta cuja obra tem sido meio de divulgação da nossa cultura pelo resto do País. O Ver. Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, ressaltando que o título hoje entregue engrandece esta Casa, teceu comentários acerca da sensibilidade com que o Poeta aborda os temas e personagens gaúchos. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, discorreu sobre a obra do Homenageado, tanto na área da poesia quanto da publicidade, destacando a capacidade de S. Sa. de unir harmoniosamente essas duas áreas e agradecendo-lhe pela forma positiva como sempre soube descrever Porto Alegre. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, lendo palavras do Homenageado em que ele dizia que “ser poeta é deixar de ser aspiração para ser uma expressão de vida”, declarou ser S. Sa. a expressão sensível da vida cultural da nossa Cidade. O Ver. Artur Zanella, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PFL, PDS e PL, dizendo dos motivos que o levaram a encaminhar o Projeto referente a presente Homenagem, salientou ter sido o mesmo aprovado por unanimidade, em face do valor literário e social da obra do Dr. Luiz de Martino Coronel. Após, foi concedida a palavra ao Dr. Tarso Genro que saudou o Homenageado, analisando a importância e o significado da poesia dentro da nossa sociedade. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou os presentes a, de pé, assistirem à entrega, por Merina Coronel, filha do Homenageado, do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Luiz de Martino Coronel e concedeu a palavra a S. Sa., que agradeceu o título recebido. Após, foi apresentado número musical pelo Cantor Sérgio Rojjas e pelo Tecladista Vitor Peixoto. Finalizando, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo ao evento, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem ao Salão Nobre da Casa e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e quarenta e oito minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária a ser realizada amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Isaac Ainhorn e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Luiz de Martino Coronel. Solicito aos Líderes de Bancada que conduzam ao Plenário autoridades e personalidade convidadas e nosso homenageado.

Em nome da Casa falarão os Vereadores Flávio Koutzii; Letícia Arruda; Airto Ferronato, Luiz Braz, Omar Ferri, Lauro Hagemann e Artur Zanella.

Concedo inicialmente a palavra ao Ver. Flávio Koutzii, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, que fará a saudação inicial ao homenageado desta tarde.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Ver. Isaac Ainhorn, primeiro Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, amigo Dr. Luiz de Martino Coronel nosso homenageado, Srs. Vereadores. Essa Casa tem assistido, com relativa freqüência, Sessões de homenagem de reconhecimento ou de decisão na qual o que nós temos dessa vez com muita honra, com muita satisfação, a concessão do título de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre, a esse poeta, esse homem da cultura, esse representante também de um pensamento aberto, democrático, que é reconhecido hoje formalmente naquilo que já é reconhecido há muito tempo, no dia-a-dia das suas atividades públicas, na sua alegria e esperança de poeta, nas suas contribuições culturais como um pedaço da nossa Cidade, uma expressão espiritual e rica da sensibilidade das coisas que podemos produzir. E eu dizia que com freqüência nos formalizamos com essas homenagens e esses reconhecimentos, mas na frente do poeta e na frente do amigo, do amigo dos pátios da Faculdade de Filosofia em 1962 e 1963, o amigo e companheiro estudante da perplexidade daquele 31.03.1964, o amigo e poeta aqui que contribui nesses anos todos para o enriquecimento da nossa cultura, para a manutenção da nossa esperança e para a exaltação da nossa alegria. Eu gostaria mais do que nada de estender o reconhecimento da nossa Bancada as suas qualidades da maneira mais fraterna, da maneira mais cálida e dizendo que nós o fazemos com maior convencimento, com a maior satisfação não para cumprir uma formalidade, mas para registrar um reconhecimento mais do que oportuno e quem sabe até mesmo tardio. Gostaria para terminar de lembrar que talvez a melhor homenagem a um poeta é roubar-lha uma frase, um verso, uma idéia.

E mesmo correndo o risco de personalizar um pouco, tomando este texto que escreveste sobre a nossa cidade de Porto Alegre, destacar esta idéia de que amar uma cidade é ter no peito um aflito passaporte de regresso; tu sabes como eu sei que isso é assim, e como todos nós sabemos, inclusive aqueles que tiveram que partir, como o amor da Cidade que com tanta sensibilidade registras, é algo que partilhamos todos, e esta homenagem que fazemos a ti incorpora também o reconhecimento de alguém que é cidadão pelo que faz nessa sociedade e emérito pelo que produz com a sua poesia e com o seu talento. É isso e obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra à Verª Letícia Arruda, que fala em nome do Partido Democrático Trabalhista.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: Exmo Sr. Ver. Isaac Ainhorn, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre no exercício da Presidência, Srs. Convidados, Srs. Funcionários da Casa, Srs. Companheiros Vereadores. (Lê.)

“Vereadora, eleita pelo Partido Democrático Trabalhista e Presidente da Comissão de Educação e Cultura desta Casa, cabe a mim saudar, em nome do PDT, o novo Cidadão Emérito da nossa Cidade, o intelectual Luiz de Martino Coronel.

Bacharel em Direito e licenciado pela Faculdade de Filosofia, professor, ex-magistrado, homem de publicidade, compositor, poeta, Luiz de Martino Coronel é, sem dúvida, um dos grandes produtores de cultura de nossa Porto Alegre e do nosso Estado. É esta a razão da justa homenagem. A Sessão Solene de hoje, uma vez mais na história desta Casa, é uma Sessão em homenagem a um intelectual, o que diz bem da preocupação da Câmara Municipal de Porto Alegre com as coisas da educação, do pensamento e da cultura.

Senhor Presidente, Senhores Vereadores, no anos passado, no ocaso da legislatura anterior, numa Sessão em tudo semelhante a esta, outro intelectual que também recebeu o honroso título de Cidadão Emérito, teve a oportunidade de registrar noa Anais, as seguintes considerações:

“...sou tentado a dizer que o que diferencia a nossa Porto Alegre de outras tantas cidades do mundo é o fato dela possuir algo aparentemente imaterial, misterioso, invejável, mas que se consubstancia nas manifestações artísticas, culturais e modos de vida. Estou me referindo ao fato de que Porto Alegre tem alma. Uma alma muito especial que permeia becos, ruas e avenidas, praças, parques e o próprio rio. Imagino que essa alma se cristalizou nas músicas de Lupicínio, música dos negros, dos mestiços, dos homens da noite, dos que rejeitam a claridade diurna e falam de perfídias, ingratidões e dores de sonhos desfeitos, entrando no cancioneiro nacional, como modelos exemplares e insuperáveis em seu gênero...”

“...uma alma musical constituída por vozes que vêm das brumas, como a de Ellis Regina ou as que chegam agora, com as de Glória Oliveira, Adriana, Berê, Muni, Loma, Flora Almeida e tantas outras. Sem esquecer as vozes masculinas que descrevem um arco que vem de Rubens Santos a Vitor Hugo, cantores das emoções que povoaram e povoam o nosso imaginário.”

“...a alma porto-alegrense é também literária, tem adquirido consistência na palavra escrita. Desde os abnegados membros da Revista Partenon, aos simbolistas que se encharcavam de Verlaine e absinto na Praça da Harmonia, até os modernos como Athos Damasceno Ferreira, Augusto Meyer e Álvaro Moreyra. A alma foi aprisionada em páginas indeléveis de Mário Quintana e Érico Veríssimo - dois interioranos convertidos ao fascínio de Porto Alegre - cujo registro de nossa paisagem física e humana permite o reconhecimento rápido, a identificação: aí está ela, nesses versos, nesses parágrafos, a alma se corporifica, se objetiva. Alguém duvida que ela também não apareça nos textos de Dyonélio Machado e em alguns de Cyro Martins? É na Cabo Rocha que passeia sua angústia o Camilo Mortágua de Josué Guimarães. Enquanto isso, o velho Marx encontra-se com Freud, na Felipe Camarão, nesse Bonfim místico de Moacyr Scliar. Mas a alma não se deixa possuir por poucos. Invade contos de Arnaldo Campos, Laury Maciel, trechos de Assis Brasil e Tabajara Ruas, estremece de calor na narrativa de João Gilberto Noll...”

Pois, numa feliz coincidência, o Cidadão Emérito Luiz Coronel, o poeta Luiz Coronel em sua “Pequena Crônica Para Uma Cidade Muito Amada”, declara alto e bom som:

“Quero ser um dos cantores da tua grande alma, Porto Alegre.”

E o consegue!

Isto porque na sua obra, autor que é de nove livros, Luiz Coronel tem transitado do mundo regional aos grandes temas da condição humana. Da aldeia ao universal, como queria Leon Tolstói. Canta a terra sem ufanismos, um olho no telúrico e outro no social. Explora o amor como motivo de reflexão e análise: vive-o e depois pensa. Às vezes amor rima com alegria; às vezes com dor e solidão. Tem espreitado o cotidiano: o ritmo das ruas, as marcas da cidade, especialmente de Porto Alegre, que tanto ama aparecem continuamente em seus versos.

Parte considerável de sua força poética reside na capacidade espantosa de produzir metáforas: é um criador de símbolos, de imagens ousadas e inventivas, de grande poder visual e rítmico, daí a plasticidade de sua linguagem.

Mas engana-se aquele que imagina metáforas herméticas ou solenes. A invenção simbólica em Luiz Coronel é diretamente proporcional à simplicidade expressiva metáfora e significado, música e linguagem.

Eis a síntese do grande poeta que de fato é o Cidadão Emérito, o intelectual Luiz de Martino Coronel! Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir falará o Ver. Airto Ferronato, em nome da Bancada do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Exmo Sr. Ver. Isaac Ainhorn, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Luiz de Martino Coronel, nosso homenageado; Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores.

Vivemos neste instante um momento de gratidão, com vistas a homenagear esta grande figura humana que dedica sua existência a cultura. Vejo a Casa repleta de amigos o que bem demonstra a sua grandiosidade, a qual reconhece a sua obra e engrandece este evento.

Falo em nome de meu partido, o PMDB desta Casa, representado pelo Vereador Clóvis Brum, pelo Vereador Luiz Machado e por esse Vereador, para cumprimentar o requerente, o nobre colega Vereador Artur Zanella, pela iniciativa, e cumprimentar esta Casa, que hoje concede o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, ao grande poeta gaúcho Sr. Luiz de Martino Coronel.

Quero saudar nosso homenageado, desejando-lhe muitas felicidades em sua luta, para ver seus pleitos alcançados. Sr. Luiz de Martino Coronel, Cidadão Emérito, esta simples homenagem é a gratidão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e da população de nossa Capital, pelo trabalho que Vossa Senhoria prestou e vem prestando a esta Cidade e a seu povo, quer como poeta, compositor, escritor, além dos outros serviços prestados ao povo de Porto Alegre, ao Rio Grande do Sul e ao Brasil. Tanto nos trouxe de conhecimentos como professor, magistrado, publicitário e sua integração cultural.

A este gaúcho de Bagé, que se projetou no meio cultural, e que leva através de seus versos o Rio Grande para fora de suas fronteiras, a nossa saudação e o nosso reconhecimento. E Luiz Coronel, poeta, escritor e compositor, que figura entre os maiores expoentes da cultura gaúcha, se constitui num verdadeiro baluarte na defesa de nossas raízes, cultuando nossa tradição, expressão maior de liberdade de um povo.

A Cidade se sente orgulhosa de ter entre seus filhos, este laborioso servo da história Rio-grandense que, através de sua sensibilidade contribui enormemente no desenvolvimento cultural de nossa gente.

Encerro esta homenagem recitando do próprio homenageado:

“Imigrantinos

Eu trago sol nos cabelos,/ eu trago nas mãos uma enxada/ Plantei cidades nos vales/ Abri rumos e picadas./ Eu venho de muito longe,/ a serra foi meu caminho./ Trazendo sonhos na mente/ na boca um gosto de vinho./ Eu não estive nas guerras/ de tantos anos atrás./ Fiquei nas roças, lavouras/ arando os tempos de paz./ Eu realizei meu destino/ aqui nos altos da serra./ Ganhando calos nas mãos/ deitando suor sobre a terra.”

Amealhou esforços pela cultura, antes de mais nada, é um ato do coração; é um ato de bravura das grandes personalidades que merecem o nosso apoio e o nosso carinho, por que é uma grande lição de vida e de amor. Obrigado, nossos parabéns Luiz Coronel.

“Não morrem os poetas que a poesia eterniza.” (Do poeta Gaúcho Luiz de Miranda.) Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Pela Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro fala o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Vereador Isaac Ainhorn, primeiro Vice-Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores.

Como é que a Câmara pode homenagear um poeta da magnitude de Luiz Coronel? Uma homenagem fácil para ser aprovada pelo Plenário, mas difícil de ser realizada. O que nós fazemos aqui é apenas a ratificação do que a Cidade faz todos os dias. Rende homenagem ao Poeta, mas recebe deste uma contrapartida igual ou maior de talento, beleza e poesia.

Neste instante a Câmara é que se sente homenageada com a presença deste homem que sabe tão bem cantar a nobreza de ser gaúcho e as riquezas deste chão.

Coronel descreve como ninguém a beleza da Chinoca e a valentia dos descendentes dos Farrapos. Fala dos nossos Gaudérios e de nossas prendas com uma poesia incomparável. Quando fala das mãos diz: minhas mãos guitaneiras, árduo ofício aprendido, leves para tanger cordas e para desabotoar vestidos.

Sinto-me feliz podendo participar desta homenagem a alguém de tanta sensibilidade que ao falar do gigante Guaíba, transforma-o num menino que sente frio e aconchega-se ao leito para ser aquecido com a coberta do sol.

Numa homenagem que presta aos Farroupilhas, assim fala o poeta:

“Ninguém doma a esperança/ liberdade não se encilha/ cavalga livre no meu peito/ um coração farroupilha./ Olha a tropa de lanceiros/ noite a dentro ela avança/ sob a luz clara do luar/ cada estrela é uma lança./ Pelos mares da campanha/ pelas ondas da coxilha/ juntas de bois puxem barcos/ da esquadra Farroupilha./ Pois o Bento não se prende/ não se prende a ventania/ nas fortalezas do rio/ nem nos fortes da Bahia./ Doze homens contra um/ não é guerra é guerrilha/ cavalga livre no meu peito/ um coração Farroupilha...”

Coronel, esta liberdade que você transmite na sua mensagem. Essa força que você nos dá por intermédio da sua obra são dádivas que Deus nos repassa através do seu pensamento.

O Rio Grande e o povo que você retrata em seus versos, são os instrumentos indispensáveis para a grande revolução social sonhada por todos que sofrem com os problemas de desordem pela qual nós passamos.

Somente a determinação deste povo poderá servir de solução. Luiz Coronel, a homenagem é simples, mas é o reconhecimento de toda a Porto Alegre pelo muito que lhe deve. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PCB, o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Ver. Isaac Ainhorn, 1° Vice-Presidente da Câmara, no exercício da Presidência; meu prezado amigo Luiz Coronel, Srs. Vereadores; Senhoras e Senhores. A presença de tantos e ilustres amigos de Luiz Coronel, esta tarde, nesta Sessão Solene, e o desfile, por esta tribuna, de quase todos os representantes partidários nesta Casa do Povo, dão a medida do conceito de Luiz Coronel para com Porto Alegre. Já foi exaltada a figura do poeta. Não foi exaltada, ainda, a figura do publicitário. Não que o publicitário tenha uma precedência sobre o poeta. Pelo contrário, a publicidade ganhou, com Luiz Coronel, um elemento de grandiosidade raramente alcançado, Luiz Coronel consegue ser poeta e publicitário, aparentemente atividades contraditórias, mas que ele consegue organizar com muita dedicação e com muita competência. Numa ocasião como esta, ou se traz um discurso escrito, ou se deixa a palavra correr solta como o vento. E é o que estou preferindo, mas não para maçar os ouvintes, apenas para trazer ao Luiz Coronel o preito de simpatia, de reconhecimento, de gratidão, do Partido Comunista Brasileiro, pelo que ele tem feito por Porto Alegre. Cidadão, como muitos, que não tiveram o privilégio de nascer nesta Cidade, mas que a adotaram como segunda terra e que dela fazem o seu dia-a-dia, nela convivem, nela criaram o seu círculo de amizades, nela produzem e têm nela o talento para continuar as suas atividades, Luiz Coronel é o letrista, é o compositor, é o homem que também canta Porto Alegre, como nós, de certa forma, e a nosso modo cantamos Porto Alegre todos os dias nesta Câmara Municipal. Felizmente Luiz Coronel hoje é um Cidadão Emérito da Cidade. A Cidade, já foi dito, ganha com o Cidadão Luiz Coronel. E nós desejamos que ele, a Cidade e todos nós possamos progredir juntos, crescer juntos, porque é isto que todos nós almejamos. Muito obrigado, Luiz Coronel. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela Bancada do Partido Socialista Brasileiro, falará o Ver. Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Vereador Isaac Ainhorn, Presidente em exercício da Câmara Municipal, meu prezado amigo; Dr. Tarso Genro, Prefeito Municipal de Porto Alegre em exercício, com muita honra para mim que sou seu amigo particular; Deputado Joaquim Moncks, também não menos poeta, que representa nesta Casa a poesia oficial do parlamento gaúcho; meu prezado e querido amigo, colega dos bancos escolares, Sr. Luiz Ribeiro Bilibio, que representa neste momento, também o nosso colega de aula, o Governador de todos os rio-grandenses, Dr. Pedro Jorge Simon. Mas aqui tudo é poesia, inclusive o amigo Wilson Vargas que há muitos anos eu não consigo dizer Wilson Vargas, afetivamente eu digo compadre Wilson, Presidente da Caixa Econômica do Estado do Rio Grande do Sul, grande companheiro de antigas batalhas e peleias, por estes campos e por estas estepes do Rio Grande, afinal de contas temos que ser um pouco poetas por causa da proximidade do poeta maior que está presente entre nós hoje e que é o nosso Cidadão Emérito. Delegado Airto Kneip, que representa o chefe de Polícia Civil; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, com muita honra para nós todos o nosso homenageado Luiz Coronel.

Houve uma época, uma época da dispersão, uma época do desencontro, do desentendimento, uma época em que os companheiros e amigos haviam desaparecido que nós não sabíamos onde estávamos e o que iríamos fazer, porque nós tínhamos sido corridos do cenário desta República. Parecia assim, não sei se era uma retirada de Dunquerque ou a retirada da Laguna, da pena gloriosa do Visconde de Taunay, poeta da guerra; e, naqueles desencontros as pedras rolam e se encontram e nós fugindo nos encontramos, porque de repente encontrei o poeta da sociologia do Rio Grande do Sul, o poeta da economia, o vibrante homem das letras políticas e jurídicas chamado Temperani Pereira. E assim como quem não queria nada, sem saber o que poderíamos fazer, nós nos encontramos num domingo pela manhã e saímos a perambular pela Cidade, eu no meu carro e o Temperani comigo falando das coisas que havia acontecido. De repente, na boca da Vila Assunção, lá na Tristeza paramos o carro porque vimos gente numa exposição de cães e lembro que o Temperani disse: “Ferri pára, está aí o coronel”. E eu já tremi. E Temperani disse: “Te acalma, Ferri, não um dos coronéis que fugíamos”, o poeta nosso amigo, o Coronel poeta. E eu conheci naquele dia apresentado pelo Dr. Temperani Pereira o nosso amigo Coronel poeta.

Diz aqui na orelha deste Livro. Ser poeta deixa de ser uma aspiração para ser uma expressão de vida. O Luiz Coronel, já deixou de ser o Luiz Coronel, já deixou de ser o Luiz Coronel, homem, já deixou de ser o Luiz Coronel, publicitário, já deixou de ser o Luiz Coronel poeta, ele é para nós e para Porto Alegre uma verdadeira expressão de vida. E que fez poesia também da vida e da morte, como por exemplo: “Viver e morrer são verbos de antagônica medida, do lado de lá chegada, do lado de cá partida”. Esse é para louvar que a expressão da vida cultural de uma Cidade, eu confesso perco todas as minhas palavras porque não poderia alcançar o timbre da sensibilidade de um verdadeiro poeta. E só poderia então terminar as minhas palavras plagiando, quem não é poeta é obrigado a plagiar. Plagiamos pois: “cantor de figuras amedrontadas e de agonias migratórias, Luiz Coronel, na alegoria de seus versos abriu o peito pelos retirantes que não falam e nem protestam suas canções de sal posto do gaúcho a pé”. Um outro poeta e escritor: Cyro Martins. Ou então, do outro poeta regionalista e tradicionalista: “Érico Veríssimo e Luiz Coronel, campos diferentes mas uma mesma coragem inovadora, além do machismo e da belicosidade desgastados uma terceira dimensão. E o nosso cancioneiro emérito buscou abertura universal, o lirismo.” Barbosa Lessa, com muita honra para mim, Omar Ferri teu amigo, para o PSB que é o Partido Socialista Brasileiro e com muita honra para esta Casa e para todos os Vereadores e a comunidade e a comunidade aqui presente. Parabéns Luiz Coronel, Cidadão Emérito de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falará agora pelas Bancadas do Partido da Frente Liberal, do Partido Democrático social, pelo Partido Liberal, o autor da presente proposição de concessão do título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Dr. Luiz Coronel, Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente da Casa, Ver. Isaac Ainhorn; Dr. Tarso Genro, Prefeito Municipal, em exercício; Dr. Luiz Coronel, em nome da Bancada do PDS, Ver. João Dib, Ver. Mano José, Ver. Leão de Medeiros, Ver. Vicente Dutra, da Bancada do PL, Ver. Wilson Santos, tenho a honra de encerrar aqui a manifestação dos Vereadores como autor do Projeto que deu o título que será entregue hoje a Luiz Coronel. Este Projeto entrou aqui no dia 15 de dezembro, foi aprovado ainda antes do final do ano porque os Vereadores queriam, mesmo aqueles que não haviam sido eleitos, principalmente aqueles, queriam votar este Projeto pelo que o Luiz Coronel representa. E foi um Projeto fácil que só teve uma dificuldade porque entre a apresentação do projeto, aprovação do Projeto e entrega do prêmio eu nunca mais vi o Luiz Coronel. Andava com saudades dele, e ele nem sabia que eu ia apresentar esse Projeto. E uma amiga comum, minha e dele, disse-me, um dia, que esta Câmara homenageava juizes, homenageava poetas, homenageava professores, homenageava publicitários, homenageava políticos, homenageava compositores tradicionalistas, homenageava gente, mas que tinha um que era tudo isso e que ainda não tinha recebido esse homenagem. Aí surgiu, então, o Projeto Luiz Coronel. As pessoas que estão sentadas ali onde eu estava, viram quando eu escrevi 4, 5 ou 6 frases e começava uma dessas frases com o termo ciúme; o Luiz Braz usou inveja. Porque tem Projetos nesta Casa dos quais as pessoas têm ciúmes, e tem outros dos quais as pessoas têm inveja; às vezes, têm ciúmes e inveja ao mesmo tempo. Que inveja eu senti, por exemplo, do autor do Projeto que homenageou Mário Quintana nesta Casa! Eu fiquei com ciúmes, com inveja. E isso ocorre muitas vezes, porque esta é uma Casa de lutas, de debates, de incompreensões, de brigas, de discussões, uma Casa política, enfim. Ela trabalha de manhã, à tarde, à noite, fim de semana, e não somente aqui, mas em todos os locais, porque ela representa Porto Alegre em todos os seus problemas, em todas as suas grandezas, em todas as suas incompreensões. Mas, ás vezes ela pára, vem uma ar de paz, porque aí nós homenageamos a unanimidade. Eu não vou fazer aqui a biografia do Luiz Coronel, uma pessoa que consegue distribuir 35 mil livros, por exemplo, e consegue transformar os vitrôs de um supermercado em uma campanha publicitária em favor da manutenção da nossa história, uma pessoa que consegue transformar as sacolas de supermercado em um hino de preservação das nossas riquezas culturais. Essa biografia não precisa e se precisasse os outros Oradores já tiveram oportunidade de colocar de forma magistral. Mas, Luiz Coronel, que é de Bagé, fez uma poesia por uma Porto Alegre mais alegre. E é fácil fazer o projeto, e é fácil fazer o discurso porque se pega a obra do Coronel e tem-se, ali, o universo. Uns levam para o lado político, outros para o lado poético, mas como hoje o estamos transformando em Cidadão Emérito de Porto Alegre, diria que uma pessoa que escreve “que os bares estão banidos e fechados os cafés/ ninguém convive mais entre taças fumegantes e entre gélidos azulejos desfila nossa alma vazia/ aqui outrora existia tradicional livraria e hoje só letras de câmbio fazem a prosa dos lucros e as teclas registradoras dão recitais pela tarde/ herdeiro de tantas pressas nossa vida se resume em chegar, trabalhar e voltar e depois espatifar-se pela janela do televisor no fantástico show da vida/ e amanhã, quem sabe, em vez do bar, do café, o divã.” E nesse horário que temos agora, final de tarde, diz Luiz Coronel do Rui Guaíba: “Este Rio é um espelho/ quem sua prata danifica/ onde suas águas claras flora e fauna outrora ricas/ este Rio é um espelho/ quem sua prata danifica/ se o sol é sua paisagem são os homens sua desdita”. E conclui dizendo que o Guaíba às 17h30min, “O Guaíba à nossa frente, às 17h30min, com este ouro laminado que tem o Guaíba no Outono. Quando o sol quer se sentar, as águas lhe fazem trono. Rio Guaíba 18h30min: O Sol estende sua colcha de um vermelho rarefeito e como as águas são frias devagar entra no leito”.

Bagé-Porto Alegre, um longo caminho, um caminho de um poeta, de um político, de um magistrado, de um professor, tudo aquilo que foi dito. E o Luiz Coronel a quem não via há longo tempo, só pela televisão, com sua jovialidade, com sua inteligência, com sua vida, com sua passagem, recebe hoje este Título que, quando eu tenho oportunidade eu lembro, não é este Título um habeas Corpus para parar e sim, espero, almejo, um incentivo a mais para que tenhamos neste Estado, neste País, principalmente na nossa Cidade, gente que nós, Vereadores de Porto Alegre, tenhamos orgulho em homenagear, como fazemos no dia de hoje. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Dr. Tarso Genro, Prefeito Municipal de Porto Alegre em exercício.

 

O SR. TARSO GENRO: Nobre Ver. Isaac Ainhorn, Digno 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos, neste Ato; Dr. Luiz de Martino Coronel, homenageado desta Casa e desta Cidade.

Um escritor francês Jean Couteaux certa vez escreveu um epigrama que os críticos taxaram de adorável. Dizia Jean Couteaux: “que a poesia é indispensável, se ao menos eu soubesse para quê”. Pois o belo epigrama não é verdadeiro, pelo menos num momento como este em que a Cidade homenageia um dos seus grandes poetas. Um dos poetas que está à altura de Mário Quintana, sabe porquê a poesia é indispensável. E, nesta Casa, nesta homenagem está comprovada esta indispensabilidade da poesia, pela variedade da cidadania que está aqui representada. Pela conjugação, nesta homenagem, das forças políticas da Cidade. Pela representação variada dos diversos aspectos e das diversas partes do Poder Público, nós sabemos porque a poesia é indispensável.

Porque se há algum traço que faz diferir, que faz diferenciar radicalmente o homem do conjunto da natureza é a capacidade de criação poética que se expressa em qualquer dimensão da arte. E de uma forma muito difícil na poesia. A poesia é o trabalho humano elevado a sua mais alta qualificação. É o trabalho humano pensado, articulado, sensibilizado, é a mais radical separação do homem do reino da sua animalidade originária. A poesia que incorpora na sua linguagem toda a modulação da sua época, e por isso toda grandeza e também toda miséria da sua época.

E quando a Cidade homenageia Luiz Coronel, o homem da poesia, ele homenageia aquele que com o seu trabalho nos faz amar mais esta Cidade. E amando mais esta Cidade, amando ainda mais a possibilidade de tornar esta Cidade uma Cidade dos homens, como referência. E, como referência, é o que nós queremos para toda a humanidade.

E a poesia, pela sua grandeza universal, reúne, ou julga, sensibiliza e faz amar mais e mais o mundo, o universo e a humanidade que nele está representada. É a poesia que se expressa através das emoções de um homem, este homem, um homem que é homenageado por esta Casa, e que é apenas uma resposta por toda homenagem humana e poética que ele nos prestou sempre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido para que todos, de pé, assistamos a entrega do título, o diploma de Cidadão Emérito de Porto Alegre a Luiz Coronel, que será entregue por sua filha Melina Coronel.

 

(Procede-se à entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao nosso poeta homenageado, Luiz Coronel.

 

O SR. LUIZ CORONEL: Ilmo Sr. Ver. Isaac Ainhorn, cuja amizade muito me honra; Dr. Tarso genro, Prefeito Municipal em exercício, figura que expressa de maneira vigorosa esta desejada, almejada e buscada conciliação do homem de pensamento e ação; Dep. Joaquim Moncks, que aqui representa a nossa Assembléia Legislativa, ele escritor, ele poeta; Dr. Luiz Ribeiro Bilibio, cálida, amena e doce figura que, desde que estendemos as mãos, nos cumprimentamos, sei, passa-se reciprocamente um doce amizade; Dr. Wilson Vargas da Silveira, Presidente da Caixa Econômica Estadual, com quem tenho tanta honra de trabalhar, a quem assisto, todos os dias, o peso de sua posição ao dizer que a Caixa Estadual faz parte de nossas vidas. Delegado Airto Kneip; Ver. Lauro Hagemann, exemplo muito digno de coerência, constância e grandeza política na defesa de suas idéias; Srs. Vereadores que me saudaram, particularmente, o Ver. Artur Zanella, cujo gesto é definitivo para mim. Saúdo a classe política, cujo encargo, muito grande e pesado, tanto quanto inadiável, de transformar a modernidade opressiva do País numa modernidade solidária, eu saúdo e agradeço. Saúdo a presença de minha filha, de minhas irmãs, de meus primos, saúdo a presença de meus amigos. Sem eles, os momentos seriam vazios e os espaços despovoados. Saúdo a todos os artistas que, daqui, estendo os olhos e encontro. Saúdo os pintores, que sabem tirar o cotidiano do cinza, para espargir o colorido do seu sonho e da sua imaginação. Saúdo os bailarinos, que, na sua vocação de pássaros, têm expressa a ansiedade de liberdade do ser humano. Saúdo os músicos, que habitam este universo de sons, e suas almas são leves e doces, mas que trazem, na vibração de sua voz, o mais consistente depoimento da vida, que é a arte. A todos eu saúdo, a todos eu agradeço. Devo dizer que aqui cheguei contemplando a paisagem da Cidade e temeroso da dimensão de seus edifícios, um pouco assustado, e fui, pouco a pouco, conseguindo pequenos espaços. E a frase que me cabe, que sairia sábia de meus lábios, seria de dois pensadores. Uma de Tristão de Ataíde: “O Tempo nos faz humildes ou ridículos.” Recebo, com humildade, tão honroso título. A outra, um texto que me lembra quando, no Festival de Gramado, o ator, ao receber o prêmio, disse que o importante não é vencer contra ninguém, o importante não é vencer ninguém, mas o importante na vida é fazer de nossas vitórias símbolos de um esforço comum pela dignidade da vida humana. Porto Alegre é uma cidade de nítidas estações. No outono, as acácias amarelas espiam pelas janelas. O inverno dança La Comparsita pelas esquinas, o minuano dança La Comparsita pelas esquinas do inverno. A primavera inaugura o verde e o verão liberta a estranha fauna dos maridos notívagos. Foi com uma pequena crônica deste teor que eu saudei esta Cidade. Uma Cidade sem cadeados, que respeita a luta dos que aqui chegam trazendo nas malas o suado tecido da esperança. Eu amo muito esta luminosidade de Porto Alegre. Um dia eu vi um sol rubro incandescente, caminhando pela Rua Sete de Setembro, mas o que eu amo mais nesta Cidade é a sua postura coerente e solidária com todas estas grandes causas. Porto Alegre é um cidade generosa e progressista. Esta é a sua marca mais forte. Sua marca mais definitiva. Recebo este prêmio, esta consideração, este Título de Cidadão Emérito como uma benção sobre a minha cabeça. Curvo-me e expresso uma colorida alegria. Amar uma cidade, como citou o saudador do meu texto, amar uma cidade é ter sempre no coração um aflito passaporte de regresso. Sempre que me afasto de Porto Alegre vibra forte dentro de mim este desejo de ser esperado pelo olhar muito azul dos céus de Porto Alegre. Muito obrigado, Porto Alegre, cidade estendida à beira do Rio e sempre em meu coração. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Evidente que, numa Sessão Solene de entrega do título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao nosso querido Luiz Coronel nós não poderíamos deixar de ter algo diferente já neste início de noite em nossa cidade de Porto Alegre que homenageia hoje a Luiz Coronel.

Vamos ter agora uma apresentação artística de três músicas do cantor Sérgio Rojas e do nosso tecladista Vitor Peixoto. (Palmas.)

 

O SR. SÉRGIO ROJAS: Numa solenidade como esta não poderia faltar a música. Não sei se isto já foi feito nesta Casa. Vou tocar uma música que marca uma nova fase da música do Rio Grande do Sul.

 

(A música é executada.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para finalizar esta homenagem ao Luiz Coronel, meu amigo, meu parceiro, cantarei a música “Estrela Sulina”, que compusemos juntos para homenagear a nossa querida Elis Regina, há sete anos desaparecida.

 

(O Sr. Sérgio Rojas canta a música anunciada.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Na qualidade de Presidente dos trabalhos desta Sessão Solene, cumpre-me a honrosa tarefa de dizer as palavras finais ao homenageado, na forma protocolar. Evidentemente que me sinto muito à vontade e quero, inicialmente, confessar que quando cheguei recentemente de viagem o meu Partido já havia indicado o Orador para que fizesse uso da palavra nesta Sessão Solene de entrega do título a Luiz Coronel. Mas, eu, pelos profundos e longínquos laços que me ligam ao Coronel, evidentemente teria que encontrar uma fórmula de dizer algumas palavras para ele, de participar da sua festa, evidentemente querendo ter uma participação mais ativa pelos vínculos, pelas ligações permanentes que tenho com o Coronel. E coube-me a honra de presidir, nesta tarde, esta Sessão Solene e dizer que esta geração que aqui foi referida pelo Ver. Flávio Koutzii, que seria aquela geração de 1970, que retoma a democracia já meio de cabelos brancos, que vai, pela primeira vez, alguns, votar para Presidente da República, chegou a este ponto mais velha. Não foi tão feliz como a geração do Dr. Wilson Vargas, que chegaram à democracia com 20 anos. Talvez, esta seja a dimensão do ilustre Ver. Giovani Gregol. Mas é a história, e assim ela se escreve.

E hoje quando se vê aqui figuras da nossa Cidade, amigos do Luiz Coronel, o Otávio Gadret, o Nilton Birmann, o Antônio Augusto e tantas outras figuras que enchem esta sala, evidente que, uma coisa, depois de tudo o que foi dito, esgotaram o Coronel, plagiaram o Coronel de tudo que é maneira. Eu também só posso terminar dizendo apenas que no Coronel tem coisas lindas e em toda essa época, desde o período da Faculdade de Filosofia até os nossos dias, a gente vê sempre no Coronel aquela sinceridade entre o pensamento e a palavra naquilo que ele diz, naquilo que ele escreve.

E eu encerro dizendo exatamente alguma coisa que está na sua pequena crônica “Para Uma Cidade Muito Amada”, alguns trechos dela, onde reúne aquele conteúdo social com aquela sua forma intimista e lírica.

“Padecemos a aflição dos humildes que pela periferia aguardam a condução e um sinal verde para melhores tempos.

Metade dos meus dias se escrevem nesta leal e valorosa Porto dos Casais. Aqui amei, aqui minhas filhas abriram os olhos para o milagre da vida. Aqui conheci a despedida e encontrei forças para ir em frente, conjugando o pensamento e ação quero ser um dos cantores da tua grande alma, Porto Alegre. E que sempre ao regressar me espere o olhar muito azul de teu céu.

Obrigado Porto Alegre, cidade estendida à beira do Rio em meu coração.” Muito obrigado. (Palmas.)

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h48min.)

 

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